segunda-feira, 3 de setembro de 2007

UM DOS MAIORES DESAFIOS DAS EMPRESAS NÃO É MOTIVAR PESSOAS, MAS SIM EDUCAR SEUS GESTORES PARA NÃO DESMOTIVÁ-LAS


Nosso mundo tem passado por grandes transformações sociais e tecnológicas, o que tem impulsionado as empresas a repensarem suas estratégias de atuação, principalmente pela extinção das fronteiras com a globalização e conseqüente aumento da competitividade. Porém houve um período em que a oferta de produtos e serviços, apesar de escassa ainda era maior do que a procura, fazendo com o “produto” tivesse supremacia sobre o “cliente”. Com a evolução das relações comerciais, e com a entrada de mais competidores e o constante aperfeiçoamento nos métodos de produção, este cenário foi se alterando, o que permitiu em certo sentido que as empresas se preparassem para a globalização.
Antes mesmo da abertura das fronteiras e do boom da internet, verificou-se vários movimentos no sentido de tornar as empresas mais competitivas. Grandes ondas como: downsing, reengenharia, terceirização, quarteirização, diversos modelos de excelência, ajudaram essas empresas a passarem por um mar bravio sem sucumbirem. A visão e o foco no cliente fizeram com que estas empresas trabalhassem no sentido de produzirem o produto que o cliente desejasse.
Então veio a onda da globalização, e com certeza foi motivada pelos avanços tecnológicos que encurtaram as distâncias e permitiram avanço da comunicação. A Internet, por exemplo, derrubou barreiras antes intransponíveis, permitindo a entrada do comércio eletrônico. Processos de distribuição cada vez mais eficientes e rápidos permitem que estas novas tecnologias façam com que o produto chegue ao consumidor em um menor tempo. Compras on-line, levam as mercadorias literalmente ao domicilio do comprador.
Nossa era está sendo chamada de “era do conhecimento”, impressionante, pois, a quantidade de informações, jamais vista, está disponível apenas em um “click”. Esta é a nova era, que apesar dos avanços tecnológicos e sociais, ainda apresenta grandes gargalos sociais e ambientais. Produção em massa, resulta em detritos que prejudicam nosso sistema de vida. A qualidade de vida nas grandes cidades tem-se deteriorado em função da concentração de pessoas, sem um controle efetivo do meio ambiente, aumento do número de veículos nas ruas, ocasionando poluição e quilômetros de congestionamentos, perda de tempo e doenças das mais variadas.
Outro aspecto importante a ser considerado é o cuidado com que devemos ter com o nosso planeta terra, nossa casa, isto tem sido negligenciado por todos, principalmente pelas empresas que em busca de lucros, produzem o caos sócio-ambiental. Por isso, voltam sua preocupação para o meio ambiente, participando ativamente dessa mudança comportamental.
Olhando para o passado, parece que estamos sendo conduzido para o uso racional dos recursos de nosso planeta e que existe uma evolução natural de crescimento consciente em todas as esferas da nossa existência. Temos a certeza agora, ao olhar para o passado, que aqueles que não se aperceberam dessas mudanças acabaram sucumbindo.
Desta forma, gostaria de abordar um outro aspecto de mudança, pelo qual muitas empresas ainda não se aperceberam. Assim, como as relações comerciais com os clientes evoluíram, dando ao cliente até a posição de rei, não poderemos deixar de verificar que uma empresa numa visão extremamente racional é formada por máquinas e equipamentos, ou seja, seu ativos patrimoniais. A imagem adquirida ao longo dos anos também se constitui num patrimônio consolidado, mas o que fica exposto de forma superficial não reflete a base sólida que sustenta uma organização e lhe dá subsistência.
O Capital Humano e Intelectual é o grande diferencial dessas organizações, que por estarem submerso, não aparecem nos resultados financeiros das empresas, alias, aparece sim, como custos de pessoal. Toda ação produtiva desse capital humano para os principais gestores não passam de custos. Todo o know how de uma organização não é formado pelos equipamentos que possui. As pessoas dentro de uma organização fazem com que ela tenha vida, e o processo produtivo se movimente, e a imagem se consolide.
Se olharmos uma empresa num final de semana, veremos um edifício de pedras, com uma bela fachada, mas um silêncio adentra aqueles campos operacionais. Se você olhar para uma instituição financeira também notará que é fria e sem vida, quando não há pessoas esquentando as relações comerciais e empresariais. Por tudo isto, uma grande revolução está pronta para acontecer é a revolução ocasionada pelo reconhecimento e valorização do capital intelectual presente nas organizações.
Mas ainda estamos longe disso acontecer. Não sabemos se é pela formação dos gestores ou pelo mecanismo capitalista, baseado na busca do “Lucro” a qualquer preço, e não como sendo uma conseqüência de uma gestão inteligente em todas as esferas administrativas. Notamos que as pessoas ainda são consideradas como custo. Alguns chegam a usar de todas as artimanhas para melhorar o desempenho de seus empregados, visando unicamente à obtenção de lucro. E o que é pior, isto se torna perceptível aos olhos desses empregados, que, vendo que estão sendo manipulados, usam de outras artimanhas, que deixam estes gestores como “babacas”, pensando que estão utilizando o melhor de suas potencialidades, enquanto que o empregado somente está doando de si, se muito, 10% de todo seu potencial.
Este mecanismo de gestão se faz presente em grande número de organizações, e é imperceptível aos olhos dos superiores. Muitas organizações estão minadas, como maças podres. Os números, embora aparentem resultados satisfatórios, não traduzem o potencial de mercado interno a ser explorado. Podemos comparar estes resultados a um minerador que adentra uma mina e ao cavar encontra um veio de ouro, mas que só explora este veio superficialmente, não dando por conta que se cavasse um pouco mais, com abaixo e com habilidade requerida, poderia ter menos trabalho e muito mais resultado.
Se houvesse uma mudança de comportamento desses empreendedores, no sentido de reconhecerem e vislumbrarem que seu “Lucro” é advindo de uma boa administração e principalmente da administração de seu capital intelectual, os resultados com certeza seriam visíveis. O que temos visto é um total despreparo de gestores em utilizar sabidamente este capital intelectual. Esta falta já se observa quando da seleção desses empregados, onde não é advinda de uma seleção correta, ou seja, não é considerado o perfil desse novo funcionário, tendo em vistas atividades a serem empreendidas. Funcionário certo no lugar certo e motivado, este, sim, dará o retorno desejado.
Métodos de administração de pessoal ultrapassados promovem a instabilidade das relações entre patrão e empregado, fazendo com que todos os outros pilares das organizações sejam abalados. Como já citado anteriormente, há por muitos executivos e gestores de alta gerência total desconhecimento do que ocorre nos níveis hierárquicos abaixo de sua jurisprudência.
Calamidades são cometidas. Usos e abusos de poderes promovem o mal estar das pessoas e das famílias. Muitos dos empregados acabam pela desvalorização e desrespeito indo para os bares, e outros morrem acometidos de doenças psicossomáticas. O grande desastre de um má gestão acabam não sendo sentida de todo, uma vez que a maioria suporta calada.
Estes gestores estão promovendo um mal estar muito grande nessas empresas e muitos empregados já levantam desmotivados ao pensarem que tem que ir ao trabalho. Sendo o trabalho o local onde passamos o maior tempo de nossas vidas deveria ser um local agradável, onde se promovesse felicidade, e, como conseqüência direta, teríamos um aumento considerável da produção, da criatividade e da inovação. Empresas com esta visão serão as empresas do futuro, e se tornarão locais cobiçados pelos trabalhadores.
Então o que estas empresas estão fazendo ao gastarem grandes somas de dinheiro em treinamentos de seu pessoal, enquanto que os gestores continuam nesta administração falha e destrutiva. Enquanto a área de recursos humanos se esforçam em promover mecanismos que integrem seu pessoal com ações motivacionais, estes gestores destroem todas estas ações com outras ações indigestas.
Sempre soube da força da palavra. Uma mesma palavra pode, da forma como a usamos, tanto promover o crescimento das pessoas, como desestimulá-la por completo. Esta foi a razão de ter dado ao tema a ser abordado, pois considero um dos maiores desafios das empresas não é o de motivar seus empregados, mas sim, o de inibir que os seus gestores promovam a desmotivação de seu capital intelectual.
De que adianta investir em altas campanhas motivacionais se um único gestor é capaz de destruir uma pessoa ou um grupo de pessoas que se encontra sobre seu comando. Um ambiente agradável poderá sim propiciar ao empregado uma estrutura para vencer seus desafios internos e externos. Muitos há que não tiveram uma boa formação em seus lares foram vítimas de sofrimentos, e se estes sofrimentos adentrarem o ambiente profissional, que esperança haverá?
Com certeza, bons funcionários se desligam de suas empresas por não haverem compatibilização com estes “gestores de meia tigela” que nada sabem além de puxarem o “saco” e manterem um pseudo relacionamento com a alta administração, até que a mesma perceba o estrago que este gestor esta fazendo com seu capital intelectual.
Motivação é uma palavra em questão nas organizações e em diversos setores da sociedade. Tem-se estudo muito este assunto ao longo do tempo. Trabalhar com sentimentos intrínsecos, o interior das pessoas não é uma tarefa muito fácil. Nem os psicólogos e estudiosos do comportamento humano, conseguiram decifrar todas as áreas desse conhecimento. Torná-se difícil portanto a realização de um estudo que determine matematicamente como fazer isto, mas posso afirmar que quase impossível, frente as inúmeras possibilidades.
Cada indivíduo é um universo em si, podemos até tentar colocar em grupos de acordo com os estilos e comportamentos, mas temos muitos víeis. Se a motivação interior depende unicamente da pessoa, por outro lado a desmotivação dessa depende do meio ambiente e das forças que as impulsiona. Algumas casos, encontramos pessoas determinadas que não deixam a peteca cair, como diz certo ditado, porém em outros casos, verificamos que basta um senão para que toda a casa caia.
Portanto, o papel do gestor tem que ir além de sua atuação profissional, tem que ser um elemento que agregue e que conduza pessoas para o bem, incentivando-as a crescerem a cada tarefa desempenhada e impulsionando-as para estudos superiores. O maior desafio de um gestor é ver em cada empregado um colaborador, um ser humano, seu semelhante. É pois a maior obrigação deste gestor zelar pelo bem estar e preparo profissional dos colaboradores, buscando integrá-los ao grupo e assim desenvolver todas as suas potencialidades.
Tenho notado no decorrer destes anos de trabalho, que ao você estar formando pessoas, automaticamente você estará acumulando conhecimentos desses colaboradores, pois há uma simbiose perfeita quando todos trabalham com metas e objetivos bem definidos. Há prazer em alcançar essas metas e superá-las ainda mais.
Um dos grandes desafios de um gestor “Líder” é promover metas de desafiadoras de acordo com o potencial de sua equipe. Estas metas tem que ser bem estudadas, caso contrario, promoverá desestímulos em toda equipe. Metas devem ser apresentadas em degraus de dificuldades de acordo com o perfil do colaborador, visando um crescimento diário, e paulatinamente, ao invés de serem apresentadas de uma única vez e de forma intransponível, é preferível que a meta seja subdimensionado do que uma meta superdimensionada.
Portanto, resta um desafio as empresas e organizações vigiarem seus gestores para saberem se estão atuando de forma condizente com os seus colaboradores. Acredito que um bom sistema de pesquisa de clima organizacional possa demonstrar como anda o termômetro das diversas áreas. Podemos dizer que poderá haver muitas surpresas, poderá existir setores dentro da mesma organização cuja gestão da equipe tenha alcançado um modelo de excelência extraordinário, mas outros estarão no estado da arte “da idade média”.
Deveria haver um muitas organizações um exame psicológico de seus gestores, porque muitos são totalmente “loucos”, não servem para administrar nem mesmo um rebanho de gado, quando mais pessoas. Por estudos mais profundos estes profissionais deveriam passar, a fim de serem alocados em outras atividades, talvez projetos ou mesmo serem dispensados. O certo é que estes camaradas não fazem bem para a organização como um todo.
A base de uma organização, não mais esta acentada em seus suntuosos prédios e seus equipamentos e avanços tecnológicos, nem mesmo em seus investimentos, mas sim em seu capital intelectual, que se devidamente trabalhado poderá transformar uma empresa em um organismo vivo e não mecânico.
O reconhecimento do seu potencial humano como capital intelectual é o primeiro passo para uma empresa se destacar e se diferencial frente a um mercado altamente competitivo. Se seus funcionários estiverem bem, eles produziram melhor e de forma mais eficiente, bem como, atenderão os clientes com o entusiasmo necessário para cativá-los (fidelizá-los). Isto não somente deve ocorrer na área de vendas, mas deste o mais humilde posto da empresa até ao mais alto posto de direção deve falar a mesma linguagem, uma linguagem de respeito e dedicação pelo bem maior o ser humano.
São Paulo, 01/08/2007

Nenhum comentário: